As novas espécies, todas do mesmo gênero, foram denominadas Bolitoglossa tapajonica, Bolitoglossa madeira e Bolitoglossa caldwellae. Bolitoglossa paraensis eBolitoglossa altamazonica são as espécies de ocorrência já conhecida no Brasil.
As três espécies recém-descobertas foram encontradas na região Norte do país, em florestas de terra firme ou nas imediações de rios e lagos. Ainda não foi possível estabelecer uma estimativa da população de cada espécie.
Para se certificar de que as espécies eram novas, Brcko analisou características morfológicas (comprimento, coloração, detalhes das mãos, dos pés e da dentição, entre outros) de 278 indivíduos, coletados ao longo da bacia amazônica ou oriundos de material de coleção de outros pesquisadores. Os indivíduos foram comparados comBolitoglossa paraensis e com dados de espécies de regiões próximas (como Peru e Colômbia).
- ‘Bolitoglossa paraensis’, espécie de ocorrência já conhecida no Brasil. Seus traços morfológicos foram comparados com os das salamandras recém-descobertas. (foto: Marcelo Sturaro)
As análises foram feitas sob orientação dos biólogos Selvino Neckel de Oliveira, da Universidade Federal de Santa Catarina, e Marinus Steven Hoogmoed, do Museu Paraense Emílio Goeldi.
Animais sensíveis
Em comparação com Bolitoglossa paraensi, B. tapajonica é uma espécie mais robusta, com formato de cauda diferente e maior número de dentes pré-maxilares. Já B. caldwellae apresenta manchas de cor creme na região ventral, característica não observada nas demais espécies. Além disso, possui cauda e focinho mais curtos.
B. madeira é a espécie que atinge maior comprimento e possui um número maior de dentes. O comprimento desses animais varia de seis a dez centímetros, do focinho à ponta da cauda.
“As novas espécies são terrestres e, aparentemente, não são venenosas para os seres humanos”, diz Brcko. Como os demais anfíbios, elas possuem toxinas. Mas, segundo a pesquisadora, é provável que essas substâncias, que ainda não são bem conhecidas, sejam prejudiciais apenas aos predadores.
O estudo da bióloga do Museu Goeldi vem reforçar a tese de que as salamandras são um grupo animal muito pouco conhecido no Brasil. Além disso, segundo Brcko, contraria o pressuposto de que a Amazônia brasileira é uma região pobre em diversidade de espécies de salamandras.
Para a pesquisadora, a descoberta reforça também a necessidade de proteção das áreas de ocorrência das espécies, que são muito vulneráveis às ações humanas e à degradação e perda de hábitat natural. “As salamandras só sobrevivem em áreas que apresentem condições ambientais favoráveis.”
Fonte:Ciências Online